terça-feira, 1 de agosto de 2017

O mágico de Oz de L. Frank Baum

O último ano foi muito curioso. Me peguei lendo alguns dos clássicos da literatura infantil. Crônicas de Nárnia, Hobbit, A fantástica fábrica de chocolate, O mágico de Oz... Me surpreendi. Positivamente.

Peço licença para compartilhar minhas impressões. Preparem os sapatos de prata para não perder seu caminho.  Hoje é o dia de O mágico de Oz.

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Escrito pelo L. Frank Baum em 1900, este é um livro que marcou gerações e marcou profundamente memórias. O mágico de Oz é o primeiro de uma série de 14 livros,  uma obra icônica. Mais do que um clássico, ou um conto de fadas, esta história é um símbolo consolidado da cultura pop. Desde seu lançamento, foi adaptado diversas vezes para o cinema. Além disso, encontram-se com facilidade diversas referências ao universo e aos personagens de Oz em diversas outras obras.

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É difícil encontrar alguém que não conhece a história de Dorothy, ou do ciclone que levou sua casa, ela e Totó para uma terra misteriosa. "Não estamos mais em Kansas!". Muitos já sabem que, para voltar para casa, ela procura por um poderoso mágico que mora em uma cidade misteriosa. Segue assim por um caminho de tijolos amarelos na companhia de um leão que deseja ter coragem, um homem de lata que deseja ter um coração e um espantalho que quer ter um cérebro, ao invés de palha seca.

Muitos já conhecem essa história e podem estar se perguntando se vale a pena ler o livro e qual a graça que você poderia encontrar na leitura do deste livro.  E parafraseando Lisbela - e uma pá de outras pessoas por aí - a graça não está em saber o que acontece... mas como acontece e quando acontece.

O que mais me encanta na escrita de Baum é jeito de criar imagens. Muitas vezes, o estado afetivo de um personagem se confunde ou se propaga para o que está ao seu redor. Assim, o humor de tia Em é acinzentado assim como suas roupas, sua casa, sua pele e seus olhos. "[...] ela também foi modificada pelo sol e pelo vento, que apagaram a centelha que existiam em seus olhos [...] Desbotaram o rubor das suas faces e dos seus lábios, que também ficaram cinzas. Era magra e seca, e não sorria mais". Em Oz, o acinzentado da vida dura e infértil que Dorothy conhecia no Kansas se colore. A terra de Oz brilha em cores vivas. o caminho de tijolos amarelos leva à cidade de Esmeralda, onde as cores das flores são intensas e hipnóticas, os frutos grandes e suculentos.

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A narrativa é composta por paradoxos e contrastes que geram uma tensão entre as realidades subjetivas de cada personagem e a realidade objetiva que é compar-tilhada por eles. Por que um leão que se arrisca para salvar os outros, ruge alto, se coloca na linha de frente e se voluntaria para lutar, mas se diz covarde e deseja ter coragem? Por que um homem de lata que se preocupa, e chora tanto pelas injustiças e maus atos, diz que não sente nada e deseja ter um coração? Ou por que o mais criativo e engenhoso dos personagens se diz burro e deseja um cérebro?  Por que Dorothy quer voltar tanto para sua casa cinza e dura? O autor é perspicaz e nos mostra que, às vezes, o que mais desejamos está embaixo de nosso nariz - ou nos nossos pés.

Os desafios que Dorothy e seus amigos enfrentam vêm sob medida para testar sua persistência, sua coragem, sua empatia e sua inteligência. O que nos faz pensar que, às vezes, são os desafios da vida que nos permitem nos confrontarmos com nossas maiores qualidades.

É interessante ver como a relação entre os personagens vai se desenvolvendo e se intensificando - alguns podem se chocar com a facilidade de alguns dos companheiros de viagem deixar para trás alguém que se atrapalha para remar ou que dorme no jardim de papoulas (capítulo O campo das papoulas da morte). Mas se despedir de alguém vai se tornando mais difícil conforme vamos conhecendo melhor os personagens.  Ao longo de suas aventuras, eles vão descobrindo que há uma diferença entre fazer uma jornada com outras pessoas e fazer uma jornada juntos.

Nossa convite de hoje é:  leiam este conto moderno e compartilhem conosco o que vocês acharam de mais bonito nessa obra ;D

Ficha técnica
O mágico de Oz
Escritor: L. Frank Baum
Ilustrador: W. W. Denslow
Tradutor: Sergio Flaksman
Editora: Zahar
Ano de edição: 2013

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