sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Diário do Contador por Ana Beatriz Novelli

               Queridos leitores,
            antes de começar o relato da contação da semana, sei que devo uma explicação. Fiquei quase um mes sem postar uma linha se quer sobre as contações e saibam que eu me sinto muito envergonhada por isso. O problema que me ocorreu foi o seguinte: bloqueio de contadora.
            Sim, vocês devem estar se perguntando: bloqueio de contadora? Mas o que será isso? Bom, eu explico: é quando as coisas caem na rotina e você não faz a menor ideia do que postar. É quando você já sabe exatamente o que fazer: vai chegar na sala, levar os alunos pra um cantinho e vai contar a história a eles. Vai perguntar algumas coisas e vai deixar com que eles explorem as palavras... O que contar no blog depois? Não tem muito o que contar, não é? Você já conhece esse processo, já conhece também as crianças e os jeitinhos delas. Não tem nada demais pra contar!
            Pois é, minha gente, isso me perseguiu durante um mes inteiro. Apesar de adorar frequentar a escola e contar histórias às crianças, eu não conseguia bolar posts interessante para escrever. Por isso resolvi escrever esse post-desabafo, pra mostrar que nem tudo são flores na vida das contadoras.
            Há um tempo, preocupada com a falta de posts no blog, a nossa professora-coordenadora nos mandou um e-mail nos perguntando sobre os motivos dessa escassez por aqui e tocou num ponto muito interessante: será que nós não entramos nesse projeto de extensão (e por projeto quero exemplificar um plano micro do que poderia ser generalizado para muitas áreas da vida) para poder ganhar mini-recompensas (como a gratidão maravilhosa das crianças, o amor da professora, a admiração dos nossos colegas de curso)? E quando as mini-recompensas de alguma forma acabam ou caem na rotina, o interesse também acaba? As coisas parar de ser coloridas e cheias de vida para serem meio marrons?


Wow.


           Isso me fez repensar o meu objetivo dentro do projeto e também a vida como um todo! Observei meu comportamento como contadora e percebi que poderia dar mais às crianças. No começo, contar era uma atividade que exigia muito de mim e era algo muito difícil e estressante. Ficava o tempo todo querendo agradar as crianças, fazer com que elas pensassem sobre o conteúdo do livro... resumindo, era algo tenso que de alguma forma me alimentava. Com o passar do tempo o momento da contação ficou mais relaxado (mas não desleixada!) e isso me assustou um pouco. Acho que confundi a não presença do stress com o desanimo (e como vocês podem ver cometi um terrível engano) e passei a ver as coisas meio amarronzadas. 
           Agora, com essa reflexão feita, começo a enxergar as coisas com as devidas cores que elas possuem. Nada de alta saturação ou baixa, mas exatamente da cor que elas têm. Nos próximos dias espero compartilhar com vocês as experiências que tive dentro desse período (que foram muito interessantes, pensando bem). Meu relato continua nos próximos capítulos!




Há sempre uma luz no fim do túnel.

4 comentários:

Anônimo disse...

Meninas contadoras,
achei o projeto uma belezura. Gostaria de contar algumas histórias da terra do nunca onde vivo. Mas... acho que minhas histórias são cabeludas demais para publicar aqui. De qualquer modo estão todas de parabéns.

Raquel disse...

Bia! Muito bom seu post, aconteceu exatamente a mesma coisa comigo! Até cheguei a fazer uns rascunhos, mas nada parecia muito interessante, muito novo...E quanto a parte das mini recompensas, sim! Depois do que a Eileen disse, refleti muito sobre e percebi que estava me prendendo a elas. E ainda bem que existe a luz, pois estou a encontrando =D

Ana Carolina Maia disse...

Aconteceu exatamente a mesma coisa comigo também Bia! Super me identifiquei com o seu post! Obrigada! :D
Ainda bem que já passou! :)

Eileen disse...

Bia, obrigada pelo post honesto e corajoso e obrigada por compartilhar seus pensamentos com o grupo. Fico feliz de que meu e-mail tenha feito diferença, no dia quase me arrependi de tê-lo enviado.
Que bom que passou, mas nos dois sentidos: "passar" de acabar, mas sobretudo "passar" como na língua espanhola, de "acontecer". Que bom que aconteceu essa crise, da qual nosso Livros Abertos saiu tão mais crescido e bonito!